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Tabajara homenageia Sivuca, que completaria 90 anos hoje
O mestre da sanfona Sivuca completaria 90 anos, nesta terça-feira, 26 de maio. E neste dia, o Memorial Rádio Tabajara reúne e expõe as fotos, em suas mídias digitais, dos LPs, que podem ser encontrados no acervo da emissora, que conta a trajetória nos trabalhos do multi-instrumentista paraibano. Uma homenagem aquele que levou a sanfona e a música brasileira às grandes salas de concertos do mundo. Nesta semana também, os programas jornalísticos e a programação da Tabajara reverencia o trabalho do artista, com produção de reportagens e trazendo recortes da carreira do paraibano.
Severino Dias de Oliveira, também compositor e arranjador, nasceu na cidade de Itabaiana, em 1930. Lembrando a data, a Rádio Tabajara inseriu homenagens ao artista paraibano, que ganhou os palcos com seus arranjos, que disseminaram a cultura nordestina pelo mundo.
Ao lado de sua esposa e também cantora, Glória Gadelha, compôs um de seus maiores sucessos, “Feira de Mangaio”, eternizada na voz de Clara Nunes. Sivuca morreu, aos 76 anos, em 2006, vítima de um câncer de laringe, o qual se tratava desde 2004.
O acordeonista, compositor e arranjador, Lucas Carvalho, de apenas 25 anos, imprimiu desde cedo, em seus estudos, a obra do Mestre Sivuca. E ele tem aproveitado esse período de quarentena para aprofundar ainda mais suas pesquisas. “Desde que iniciei meus estudos musicais tive atração pela sanfona. Lembro que o meu primeiro disco de Luiz Gonzaga que compramos foi o LP Dengo Maior (1978). O curioso é que neste LP Sivuca e Glória Gadelha participam cantando e o maestro tocando no disco inteiro. Ouvi compulsivamente este LP todo dia e cada vez mais buscava entender os elementos sonoros das sanfonas deste disco”, recordou.
Lucas já ouvia Sivuca através de pesquisas pela internet, mas nunca em disco. “Com o passar do tempo pude comprar mais LPs e cada vez mais o admirando. Entrei no IFPB em 2010 e ao final do curso elaborei um recital de conclusão que destacava alguns argumentos do maestro sobre o que ele pensava do acordeom, de levar o instrumento para as salas de concerto”, disse.
Nesse momento ele começou a executar os arranjos de Sivuca para cordas e algumas músicas de sua trajetória como intérprete solo. E foi através deste trabalho que, guiado pela professora Marina Marinho, que teve contato com a compositora Glória Gadelha. “A partir daí iniciamos uma amizade de respeito e de contribuição na manutenção do seu acervo físico e de mídia. Sendo assim tive um rumo dado pelo destino para estar com a pessoa que construiu uma obra ao lado do maestro e que me permite estar tão próximo a essa memória tão forte, viva e vibrante”.
O também safoneiro Yuri Gonzaga Gonçalves da Costa, integrante da banda Os Gonzagas, conheceu sua aptidão pra música aos 12 anos de idade. Sivuca sempre foi um nome muito presente em seu repertório. “Porém, só bem depois, quando comecei a me enveredar mais pelo mundo da música nordestina e com o fortalecimento do trabalho na banda, foi que tive um contato maior com a obra do mestre”, pontou.
Sivuca se destacou nacionalmente como maestro, instrumentalista, cantor e compositor. Em 2009 foi lançado um livro bilíngue em homenagem a obra sinfônica do artista. O regente e arranjador, maestro Carlos Anísio, está trabalhando na reedição deste livro.
“Eu e o professor Marcílio Onofre, que trabalhamos no primeiro livro, estamos fazendo uma revisão, corrigindo alguns defeitos e dando uma repaginada no livro. E deve ser relançado ainda este ano, se possível, devido a Pandemia”, relatou.
No mês de Fevereiro, o Governo do Estado publicou decreto instituindo 2020 o Ano Cultural Mestre Sivuca, como forma de homenagear o artista paraibano, natural de Itabaiana, que completaria 90 anos neste próximo dia 26 de maio, se estivesse fisicamente presente. Mas sua obra imortal está e continuará ressoando nas sanfonas e acordeons, forrós e xaxados por onde se apresentar.