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Corpo de José Maranhão será sepultado em Araruna
O corpo do senador e ex-governador da Paraíba José Maranhão será sepultado às 10h desta quarta-feira (10), em Araruna, cidade natal do político, a 165 km da capital. Muitos políticos emitiram nota de pesar e lamentaram a morte de Maranhão, que faleceu na noite de ontem por complicações da Covid-19. O governador da Paraíba, João Azevêdo (Cidadania), foi um dos primeiros a se manifestar.
"Uma tristeza imensa para todos nós, paraibanos e paraibanas, a morte do senador, ex-governador e grande paraibano José Maranhão. Das muitas vidas perdidas e histórias desfeitas pela pandemia, chega ao fim a trajetória de um homem público que dedicou sua vida ao nosso estado", considerou.
Maranhão era o senador mais velho da atual legislatura e estava internado desde 29 de novembro de 2020, dia de segundo turno nas eleições municipais, quando passou mal pouco depois de votar no candidato que ele apoiava.
O corpo do senador chegou a João Pessoa em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no hangar da Paraíba, no Aeroporto Internacional Castro Pinto, por volta das 15h. Foi recebido pelo governador do estado, João Azevêdo (Cidadania), pelo Arcebispo da Paraíba, Dom Manoel Delson, pelo prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena (PP), além de autoridades legislativas, judiciárias e do Ministério Público.
Ainda no hangar do Aeroporto Internacional Castro Pinto, o corpo do senador recebeu uma homenagem e, em seguida, saiu em cortejo pela BR-230, em um carro do Corpo de Bombeiros, até o Palácio da Redenção, onde ocorre o velório aberto ao público. Depois do momento de homenagens ao político no local, o cortejo segue até a casa onde José Maranhão morava, no bairro do Altiplano, para um minuto de silêncio. Em seguida, o corpo será levado para o município de Araruna, onde o senador nasceu, e velado durante a noite na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. No local também será celebrada uma missa de corpo presente. O sepultamento ocorrerá no Cemitério Municipal, às 10h desta quarta-feira (10), onde estão enterrados os corpos dos pais de Maranhão.
José Maranhão ficou num hospital de João Pessoa até o dia 3 de dezembro e nessa data foi transferido para a capital paulista. Ao longo da internação, ele teve diversas mudanças em seu quadro clínico. Ele chegou a ser entubado e extubado várias vezes, mas sempre na UTI. Mas, nos últimos dias, seu quadro clínico havia piorado. A informação de sua morte foi confirmada por familiares. Oficialmente, o horário da morte foi 21h15, segundo divulgado pela equipe médica do hospital. A nota é assinada pelos seis médicos da unidade hospitalar que vinham acompanhando o caso.
Quase 70 anos de vida pública - José Targino Maranhão, conhecido como Zé Maranhão, nasceu em Araruna, no Agreste paraibano, em 6 de setembro de 1933, filho de Benjamim Gomes Maranhão, ex-prefeito de Araruna, e de Benedita Targino Maranhão (Dona Yayá). Começou a carreira política ainda jovem, com 22 anos, quando, em 1955, assumiu pela primeira vez o cargo de deputado estadual da Paraíba pelo PTB, partido que ficou até 1967, quando mudou para o MDB. Ocupou o posto por quatro mandatos consecutivos e saiu em 1969, no período da Ditadura Militar, quando foi cassado e perdeu os direitos políticos.
Retornou à vida política em 1982, nas primeiras eleições diretas do país em mais de 20 anos. Foi eleito deputado federal, reeleito em 1986 e em 1990. Foi deputado constituinte e ajudou a criar a Constituição Federal de 1988. Ao término do terceiro mandato na Câmara dos Deputados, foi convidado para integrar a chapa de Antônio Mariz ao Governo da Paraíba, como vice-governador. A chapa foi eleita em 1994. Mariz assumiu o cargo, mas se afastou pouco depois de empossado para tratar de um câncer. Quando o governador morreu em setembro de 1995, Maranhão assumiu em definitivo o cargo.
Em 1998 tentou a reeleição, mas entrou em choque com um colega de partido, o então senador Ronaldo Cunha Lima. Houve um racha interno para saber quem seria o candidato do PMDB ao governo naquele ano. Maranhão venceu a disputa interna e depois foi reeleito com mais de 80% dos votos válidos. Em 2002 foi eleito senador e tentou ser governador novamente em 2006, mas perdeu a disputa para Cássio Cunha Lima (PSDB), filho de Ronaldo. A chapa de Cássio, no entanto, foi cassada em 2009 e Maranhão assumiu o cargo de governador. Tentou se reeleger em 2010, mas perdeu para Ricardo Coutinho (PSB).
Dois anos depois, foi candidato a prefeito de João Pessoa, ficando em quarto lugar na disputa. Em 2014, foi eleito senador e se licenciou para tentar o cargo de governador, em 2018, mas ficou em terceiro lugar. Voltou para o cargo de senador e tinha mandato até 2022. Por causa do tratamento para Covid-19, precisou se licenciar em janeiro deste ano e foi substituído pela suplente Nilda Gondim, que agora assume o cargo em definitivo e passa a compor a bancada paraibana no Senado ao lado do filho Veneziano Vital do Rêgo.
Formado em direito pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em 1961, Maranhão também era piloto de avião particular e frequentemente pilotava o próprio voo em suas viagens. Além da política, atuava também como empresário e pecuarista. Ele deixou a esposa, a desembargadora Maria de Fátima Bezerra, três filhos e dois netos.
Fonte: g1/pb